Degraus
Assim como a flor seca e a juventude
Se esvai, florescem as fases da vida,
Toda sabedoria e virtude
A seu tempo, sem ter de ser eternas.
Deve-se estar pronto pra despedida
E novo início, sempre ao chamado
Da vida e sem o medo que consterna
Com coragem criar sempre outros laços.
Cada começo traz magia ao lado,
que nos protege e guia nossos passos.
Atravessemos com serenidade
Lugares, sem ali fixar raiz,
O espírito do mundo assim nos diz,
E eleva, degraus rumo à liberdade.
Mal nos acostumamos a um convívio,
Ali uma dormência já ameaça,
Só quem parte em viagem pode alívio
Achar contra a rotina que embaça.
Talvez mesmo a morte que nos persegue
Nos leve a novos espaços ainda,
O chamado da vida em nós não finda…
Despede-te assim, coração, e segue!
Hermann Hesse (Tradução: Aldo Medeiros).
Artes de Eduardo de Mendonça Marinho
Carona
uma cantora que é atriz
me ofereceu um carona
e eu soube que ela coleciona
altos e baixos e é feliz
contou que atravessou paisagens
passagem que era só de ida
e foi juntando na viagem
os surtos e sortes da vida
coração gravidade zero
romances que nem ela entende
às vezes letra de bolero
às vezes sutil happy-end
quem sabe elea vai ao encontro
daquilo que há tempos lhe chama?
a estrada, o vento, o palco, o ponto
de um texto que ela mesma trama
e ela me levou até Copa
sem avançar nenhum sinal
que bom é quando a gente topa
com uma pessoa legal
Aldo Medeiros